O desenho acima é uma gravura que ganhei de um artista das ruas de Ouro Preto, numa das vezes em que estive por lá. Ele assina José Roberto Moreira e é aquarelista. Se você quiser falar com ele (se o telefone ainda for esse), ligar para (31)3554 1130.
O gostinho de minha terra natal contado através da simplicidade criativa de Adélia:
Adélia Prado
Minas, tantas há por aqui, subterrâneas ou à flor da pele, o que bem achado foi apelidá-la Gerais : Minas Gerais, quase meio alegre em seu muito silêncio, vezo de melancolia, macambuzeira, mofina, quase alegre de ipês no seu gosto amarelo. Tão contida chora o alegre, tão contida canta o triste, dança como alforriada, o sapateado é sério, pedindo sempre licença, tirando sempre o chapéu, cheios de curvas os casos, os entre parentêsis finórios, contam pecados barrocos e santidades extáticas se rindo para dentro, mas esperta que o resto do que sobrou do mundo. Que boa fatalidade ser herdeiro de Minas, ter por riqueza seus bois, poeira, cerrados, oratórioas, rezas, vioças prazerosamente tristes, seu luto aliviado de quaresmeiras, tudo o que é lamentosos e bonito e gasta tempo para se fazer, doces, namoros, olhares, promessa de festa no corpo e eternidade na alma, muntanhas, luares, amanheceres sobre picos com muita e densa neblina, frios. estou inventando Minas? Certamente, mas tudo é mesmo inventado. E isto é Minas tambèm.
Um comentário:
Não sou mineira de nascença, mas conheço BH e umas cidadezinhas do sudeste mineiro. Adélia canta o choro dessas terras de um jeito muito poético.
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