domingo, 27 de setembro de 2009

Vida




Mário Quintana
Não sei
o que querem de mim essas velhas árvores
essas velhas esquinas
para ficarem tão minhas só de as olhar por um momento.
Ah! Se exigirem documentos aí do Outro Lado,
extintas as outras memórias,
só poderei mostrar-lhes as folhas soltas de um álbum de imagens:
aqui uma pedra lisa, ali um cavalo parado
ou
uma
nuvem perdida,
perdida...
Meu Deus, que modo estranho de contar uma vida!

sábado, 19 de setembro de 2009

As Fraldas


Humberto Ak'Abal

As fraldas dos meus irmãozinhos
eram panos velhos de minha avó:
remendo sobre remendo.
Os pespontos eram bonitos,
todos aos pares, bem feitos.

Minha mãe os cozia à mão.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Xol Mumus

Um lindo poema que daria letra de música e que eu chamaria de Canção à Terra Morena.


Humberto Ak'Abal

Refresco a minha alma
com um trago de ar
da montanha,
regado na terra,
revolto na água.

Tenho o pueblito ponchero
enfiado nos meus olhos.
Me sento sobre uma pedra
na beirada de qualquer caminho.

Sonho "riscos"
sinto cheiros
de incenso e de resinhas.
Aonde quer que eu vá
carrego nos ombros
mi pueblo.

Do contrário
iria triste.