Lavoisier

Carlos de Oliveira

Na poesia,
natureza variável
das palavras,
nada se perde
ou cria,
tudo se transforma:
cada poema,
no seu perfil
incerto
e caligráfico,
já sonha
outra forma.

Inscrição para uma lareira

Mário Quintana

A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...

Na Poça

Humberto Ak'Abal

Na poça
havia muitas estrelas;
pedi a meu pai
que as tirasse dali.

Ele removeu a água
gota a gota
e pôs as estrelas
nas minhas mãos.

Ao amanhecer
eu queria saber se era verdade
que ele as havia tirado da poça.

E era verdade, na poça
só restava o céu.

Cada um com sua Sombra

Humberto Ak'Abal

Amanhece.

O sol come a neblina
e começa a pintar
caminhos,
árvores,
casinhas,
bichos,
gente...

E para cada um
faz uma sombra.

Espanador

Hoje eu trouxe um espanador para tirar todas as teias de aranha que andam por esse blog. Férias, volta às aulas, falta de idéia, tudo isso contribuiu para que eu fosse deixando o pó se instalar por aqui. Mas agora, com minha vassoura, resolvi recuperar o tempo perdido.
Minha coleção de desenhos do Kitanatana (que vinha postando até agora) acabou. Por isso passarei a postar apenas os poemas, vez ou outra com desenhos meus, ou com figuras bonitas que eu goste.

Até.
Kakine

3 x 4

Aí ao lado tem uma nova imagem. Sou eu desenhando, uma foto que a minha irmã tirou de mim.
Estou fazendo uma das ilustrações desse blog, aquele poema da Adélia Prado, que se chama Solar.
Que tal?

Canção Mínima

Cecília Meireles

No mistério do Sem-Fim,

eqilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,

e, no jardim, um canteiro;

no canteiro, uma violeta,

e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o Sem-Fim,

a asa de uma borboleta.